Futebol feminino colombiano: propaganda e realidade

VOLTA PRA MARCAR
3 min readMay 8, 2021

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Diferente do que é transmitido na propaganda, a Liga Colombiana segue vivendo seus piores momentos com a DIMAYOR, que já confirmou que a temporada deste ano terá apenas dois meses de duração.

Santa Fé foi o campeão da temporada passada. Foto: Divulgação

Neste fim de semana, um vídeo promocional da Cerveja Águila chamou a atenção dos fãs do futebol feminino, não só aqui no Brasil, como no mundo todo. No vídeo, é divulgado uma campanha que aconteceu em 2019, onde os clubes “dividiram” seus escudos na camisa: o masculino jogava com uma metade e o feminino com outra metade. O objetivo era mobilizar os torcedores a estarem nos estádios acompanhando também as partidas do time feminino, afinal o amor não podia ser pela metade.

A repercussão foi imediata e o resultado veio: aumento de 633% na audiência e uma final digna de duas equipes gigantes no cenário colombiano: América de Cali (campeão) e Independiente Medellín (vice). Mas e após um enorme boom, será que a Liga Colombiana continuou em ascensão?

Bom, como contamos neste texto, não foi bem assim. A DIMAYOR, entidade responsável pela Liga Feminina fez um torneio 2020 desastroso, com péssimo calendário e diversas equipes desfazendo de seus elencos por falta de apoio. Vale lembrar que em 2020, o Ministério do Esporte disponibilizou 1,5 bi de pesos (R$ 2 mi*) para a realização da Liga, mas apenas metade foi utilizado.

Em 2021 o cenário é ainda pior. À revelia dos protestos de jogadoras e mídia esportiva, a DIMAYOR confirmou a realização da Liga deste ano apenas em julho, encerrando-se em setembro: uma temporada de apenas 53 dias (para quem chegar a final), com 12 equipes.

Inclusive, nos bastidores foi afirmado que havia mais clubes interessados em participar desta temporada, porém a DIMAYOR teria recusado ampliar o número de participantes proposto inicialmente para não ampliar o calendário. O Junior Barranquilla, clube tradicional, com jogadoras de seleção e que abre o vídeo promocional, não estará nesta temporada, por exemplo.

No plano financeiro, a DIMAYOR recusou o investimento do Ministério do Esporte (R$ 2 mi*) para esta temporada e contará apenas com os valores oriundos da Federação Colombiana de Futebol (R$ 1,3 mi*) e da BetPlay (R$ 690 mil*), patrocinadora oficial. Segundo fontes, a negativa do valor se deve ao fato de ser necessário realizar a prestação de contas dos gastos junto aos Tribunais fiscalizadores.

Este e outros casos nos mostram que, tratando-se de futebol feminino sulamericano, é necessário não só uma mudança de postura de clubes e marcas, como também das entidades que regem o futebol no nosso continente. A começar pela CONMEBOL.

*valores aproximados e convertidos para o real de acordo com a cotação da semana.

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